segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Poema

Fecharia os olhos pelo tempo que fosse

Apertaria pálpebra contra cílios

Fortemente

Pra sentir o toque suave do teu corpo rente


Queria poder, em fantasia,

Rever toda a sua maneira

De me encantar...

Todo afeto e caricia

O riso farto e meigo dos seus olhos pregados aos meus


Sentir na boca o gosto gozoso do beijo

A textura impar da saliva

E o arrepio ardente que me percorre o corpo todo

Quente...


Achar entre todas as formas descritas

A mais segura de me perder entre todas essas palavras

Que insistentemente abraçam o papel

Pra dizer que eu amaria acordar meus olhos e morar em você.


Acerca do amor póstumo




Essa noite sonhei pela primeira vez com um reencontro entre eu e ele. Obviamente era uma produção inconsciente de algo que não aconteceu de verdade mas que, normalmente, acontece em situações assim; afinal de contas ainda tínhamos uma pequena ligação: fazíamos parte de famílias amigas.

No sonho se passava um jantar casual. Estive bem contida em meu assento durante toda sua duração. Ele me lançou alguns sorrisos também casuais.. Eu não esperava que ele me sorrisse. Fui conformada! Pensei que enfrentaria uma das mais desconfortáveis situações... imaginei como evitaria seus olhos indiferentes aos meus. Só pude então retribuir seus sorrisos com a alma transbordante de tristeza: eu passara a ser pra ele, num intervalo tão curto de tempo, nada mais que uma pessoa pra quem se sorri casualmente.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Emoção na praça


É bonito perceber a pureza das pessoas. É surpreendente notá-las cantarolando e balançado seus corpos às 18:00 da noite em plena Praça da Estação ao som de alguma novidade da música Folk.


E as colunas d'água... para mim decorativas, apenas até está noite. A música invadindo meus ouvidos, a mistura das jovens vozes invadindo meus ouvidos, os grossos pingos de água batendo em meu rosto.. minhas pernas correndo em direção ás colunas, um sorriso infantil estampado em minha alma.


É a felicidade que me comove esta noite me mostrando que gestos de impulsividade infantis não passam de concretizações da simplicidade e da rara inocência humana. Me sinto mais viva ao pensar nisso.




quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tardizinha em Ouro Branco


Tenho sido arrebatada por uma sensação muito boa. Parece que a minha tempestade interior está mais branda hoje. Olho a minha volta... tanto significado e tanta simplicidade: sinto uma brisa leve e um cheiro breve de lama úmida. O Sol iluminando fracamente o dia, a grama verde, o ar menos seco que ontem...


É tão bom ser invadida por todo esse bucolismo, por toda essa beleza das criações divinas. Paro e me sinto parte do infinito. Paro e penso que seria tão bom ser uma das flores daquele roseiral branco.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Um pensamento bolha...



É estranho pensar em como o amor une pessoas completamente desconhecidas. É pensar em como conexões tão fortes e tão íntimas, como laços tão profundos e não planejados se estabelecem entre indivíduos que muita das vezes têm objetivos e sonhos tão diferentes dos de seus parceiros...


É estranho perceber que eu me perca em reflexões desse tipo se aceito tão facilmente o fato de ter me apaixonado por um jovem aspirante a engenheiro. É tão estranho que nossas diferenças encefálicas e zodíacas tornem os nossos sentimentos tão recíprocos e verdadeiros. O amor, só posso dizer: é antítese.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Do Mais Puro Desespero



Choro, estremeço e a resposta não vem.


Rezo, imploro e berro pro interior


Da minha alma sangue e cega


Que a muito não me contem.




Me esvazio da culpa que me grita dos seus olhos


Chamo meu nome “santa” jurando


Que trago o coração só seu.




Não sei se ignoro o erro que estranhamente cometi


Ou se fecho os olhos tentando enxergar que sou pó pra ti.

sábado, 26 de junho de 2010

Versejo Fúnebre


Quero nem papel nem caneta,
nego a pena.
Quero chorar e é só isso.
Chorar até sentir a alma seca
até secar a dor e só.
Só enfiar punhal no leito da saudade.
Só esquecer o calor do corpo,
quero a morte lenta da minha própria humanidade.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Para Todo mal: Há cura




Essencialmente crítico, debochado, descontraído ou descompromissado, o senso de humor é um sinal de maturidade psicológica e intelectual de um indivíduo.


Pode parecer confuso julgar como “maduras” algumas modalidades de humor – obviamente piadas que escarneçam as diversidades e liberdades de escolha alheias não estão incluídas – mas, ao contrário dos pressupostos, pode-se dizer que por mais boçal que pareçam, são excelentes colaboradoras para a sanidade mental: sem as piadas obscenas, as risadas em contextos inadequados, o riso incontrolado em meio a situações desesperadoras, nós, seres humanos, sucumbiríamos a infelicidade, a angústia, a hostilidade e a selvageiria do nosso atual caos social.


Rir é uma excelente forma de tornar a realidade mais aceitável; não é necessariamente uma maneira de evadir-se de tudo, mas sim um socorro gratuito que facilita aos homens diminuir o fardo de existir em contextos muitas vezes violentos, sofridos e duros.


Talvez a cura da humanidade esteja bem mais acessível do que todos pensávamos; caso não nos cure, o remédio do riso – se rir é o melhor remédio – pelo menos nós fará, pelo instante que dure, um pouco menos miseráveis.



quarta-feira, 2 de junho de 2010

Confissão de um Amor Tímido

Fecharia os olhos pelo tempo que fosse

Apertaria pálpebra contra cílios

Fortemente

Pra sentir o toque suave do teu corpo envolvendo o meu

Queria poder, em fantasia,

Rever toda a sua maneira

De me encantar...

Todo afeto e caricia

O riso farto e meigo dos seus olhos pregados aos meus

Sentir na boca o gosto gozoso do beijo

A textura ímpar da saliva

E o arrepio ardente que me percorre o corpo todo

Quente...

Achar entre todas as formas descritas

A mais segura de me perder entre todas essas palavras ditas

Que insistentemente abraçam o papel

Pra dizer que eu amaria acordar meus olhos e morar em você.

domingo, 25 de abril de 2010

Lamúria




Doces foram os sonhos interrompidos.

Duras as lágrimas iniciadas

O peito arfante de saudades

Na boca o gosto amargo da desesperança;



Os olhos já imperfeitos de tão inchados

Os lábios rubros mesmo sem tinta.

O que me fazia dar graças à divina bondade todos os dias

Traz-me um soluço infindável e um aperto nas entranhas.



Oh senhor Deus, o que aqui se faz aqui se paga?


Diga-me oh Senhor Deus: porque se paga o mal que não se fez?


Diga-me oh Senhor Deus: o que fazes com aqueles que desonram sentimentos tão dignos de honra?


Diga-me oh Senhor Deus: porque não arrancas meu peito fora se dele não tiras essa erva daninha que me consome me desprezando.


Diga-me oh Senhor Deus: porque me destes veneno em frasco de amor...



Leva-me oh Deus Pai para teus braços, e em silencio profundo e consolo imenso, me negas as respostas dessas indagações vis.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Anáfora



Pingos d’água açoitam minha janela

Pingos d’água caem me açoitando

Colocando-me em névoas nostálgicas...

Bem se sabe que a chuva não é de ter coração.


Toca mansa uma música em minha janela

Toca mansa e me martiriza

Acentua-se a quimera da lembrança...

Bem se sabe que a música não é de ter dó de ninguém.



A chuva cai lá fora

Reviro-me atrás da janela

E dentro de mim uma janela se transtorna

Tudo lembrando a ela...



Oh vida passada!

Oh saudades que tenho de ti

Oh dor que trago em mim

Oh pena que a vida me destina!



Toca mansa a melodia dos pingos em minha janela

A noite se arrasta entre transtorno e sossego

Chove no céu uma lágrima amarga

E ela desliza melodicamente dentro de mim.

domingo, 11 de abril de 2010

Passos Errantes


O que dizer em defesa
das minhas incertezas e imprecisões
de moça-menina?


Caminho vacilante e frágil
Sigo tentando assimilar essa vida sofrêga e bailarina


Meu descontrole e minhas divagações inseguras
Meus desamores e desencantos no desabrochar do pejo
Um vacilo inócuo me transporta a'um ensejo: nele perco um pedaço
Sopro pela boca um soluço
Imovél fico e dentro da dor.

Como a tola dançarina que torce o tornozelo


paro...


choro
e espelho à platéia meu vicioso desfecho seco.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Adoração


Ela o venera intensa e profundamente.


Tão ansiosamente que doa o próprio orgasmo


E tão desesperada e viciosa que arregala os olhos


E arranca às suas órbitas pra vê-lo.


Imoderadamente o socorre,


Convulsivamente o devora.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Os poetas



Dotou-lhes Deus de consciência corpo alma e poesia.


Costurou-lhes em uma das mãos a pena.


O tinteiro pôs em suas almas


Nele o sentimento do mundo.



Deu-lhes diversas formas figurativas.


Entregou-lhes o papel e a forma


Pompa e Eloqüência


Ritmo e musicalidade louca.



Depois de tudo feito Ele parou


Olhou de perto


Descansou e viu que era feito bom e deu-lhes


Asas próprias. Alçaram vôos.



Pena e tinteiro em mãos:


Pintaram os Céus de vermelho e


Morreram de amores imperfeitos.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sincrética


Se sou flor no jardim teu


Iluminas-me e regas-me


Com desejo.




Se te entrego o gineceu


Defloras-me e preenches


A vulva minha.




Se teu pólen toca a doce pele minha


Espero o gozo do androceu


Nas folhas.




Se a semente toca o chão


Nasce um beija-flor que é filho


Meu e dos céus.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Contrariada - Crônica

Não que eu esteja realmente concentrada. Não que eu sinta, realmente, o ímpeto de escrever. Absolutamente é como se eu não estivesse com vontade alguma. Minto – conscientemente.

É Carnaval de muito movimento aos arredores da casa no qual me encontro. Meus ouvidos estão tampados. Não que a música não toque lá fora, excruciante. Minha sintonia é bem vaga com esse mundo lá fora. Obviamente existem motivos. Talvez eu os conheça – provavelmente eu os saiba enumerar.

Não é por desapreço ao ritmo. Não é por medo. Estou submersa em tristeza... Um buraco no peito tomou o lugar do encanto. Perdi o jeito.

Vivencio minhas horas obscuras. A solidão não exatamente me conforta. Me liberta. Todas as lágrimas trancafiadas, toda infelicidade recôndita...Posta fora. Os conselhos do silêncio me movem não sei a que lugar nem com qual finalidade.

Não tenho me esforçado para deixar meus pesadelos de lado. Não quero ser hipócrita. Ao mesmo tempo não quero me estender materializando e eternizando minhas marcas pessoais. Não devo ser uma mercenária da dor que me condena.

Devo parar por aqui. PONTO

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Decepção


Ontem eram flores úmidas, regadas e saudáveis

Hoje aquele jardim perdeu um pouco de vida.

É como se uma luz se apagasse, dentro de mim, como algo se partisse

E como se meu jardim murchasse.

As flores tornaram-se opacas. Sinto um vazio desolador.

E sinto dor. Tristeza.



Como pudestes ser tão egoísta?

Tu que me colocastes na Terra e me destes a vida que agora se esvai.

Tu que destes a luz que que se apaga, cada dia mais célere.


Está onde a minha proteção?

Deveria ela ser tua sina.

Está onde teu zelo pela minha felicidade?

Deveria ela ser tua vontade.


Sina materna, meio angelical.

Pena eu ser tão solta e tu tão desleal.



terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Semáforo - Crônica

Estava andando na calçada bem ao lado de cerca de 30 automotores; carros, motos e ônibus lotados.
Eram 02h27min p.m e, de acordo com Aurélio Buarque de Holanda Ferreiro – 4°Edição, Editora Nova Fronteira, Revista e Ampliada do Minidicionário Aurélio – os motoristas observavam vigilantes a sinaleira –“poste de sinalização rodoviária ou ferroviária; para orientação do trafego” – que, no momento, exibia a elétrica luz vermelha, sussurrando um não silencioso em meio aos sons da cidade.
Distraidamente, passando ao lado dos veículos forçadamente imóveis, desacelerei o passo e passei a observar um casal numa motocicleta ali ao lado: quem conduzia era o homem, um baixinho com longo bigode acobreado e, sentada com as mãos envoltas em sua cintura, ia uma mulher loura, com os cabelos escorridos dando no meio das costas.
O baixinho olhava o retrovisor e a mulher fixava os olhos no semáforo avidamente.
A essa altura eu dava olhadelas de lado pra vê-los, pois, mesmo em meu passo lento, eu já avançara deixando-os às minhas costas. Foi ai que notei: o homem da motocicleta olhava do retrovisor da sua Titan 125 cc na minha direção e quando nossos olhos se cruzaram naquela curiosidade mutua, notei certo iluminamento em seu rosto e ele se virou cutucando a mulher loura apontando na minha direção ao mesmo tempo em que sibilava algo que eu não pude entender.
Ela então se virou, sem descer da moto e me acenou, sorrindo, enquanto ele chamava meu nome e buzinava.
Sem muita reação, observei outros automóveis começarem a buzinar simultaneamente – um espaçoso Opala Comodoro ano 86 acabara de fechar o cruzamento.
Ao embalo do barulho do trafego, o sonoro hino ensurdecedor da cidade de Belo Horizonte, acenei de volta sem reconhecer o simpático casal.
A essa altura o semáforo se abrira, o Opala desimpedira a passagem e o fluir dos transportes. A motocicleta já se perdera no caos de automóveis e eu, ainda estagnada fiquei ali...

“Mais um dia
os automóveis, as pessoas
passam por mim
Faces num movimento de vida
História vividas na pressa
Percorre os hábitos do dia a dia
A chuva cai
molhando um rosto já molhado
mais um dia...” (Patrícia Menezes)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Lembrança Duma Noite de Calor Tropical



Tomada de pronto à luz dum gracejo
Recebeu, pois dum moço com nítido festejo:
Bilhete e rosas brancas
Dessas que marcam as moças inda brandas.

As faces nuas eram agora escarlates
As pernas rosadas eram bambas e febris.

Não me lembro qual era o som que nos embalava
Mas tinha o gosto quente e auspicioso
Duma noite de calor tropical
Onde lábios e saias dançavam
Boêmios e voluntários.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Afeto infecundo



Enlouqueço,
Perco o sono.
Choro aos Deuses e Demônios
Faço trabalhos e traço manias para alcançá-la

Aborreço-a
Beijo-lhes os pés
Lavo-lhes os cabelos às lagrimas

Peço, rezo e imploro.
Louco, cego e obcecado.
Por fim, desvairado digo que te esqueço.
E engano você e o papel.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Pequena observação

Caros leitores,

O ano de 2009 ficou para trás deixando lembranças para todos nós.
Posso dizer que foi um ano profissionalmente bom para mim : é claro que passei por altas e baixas na minha produtividade... Postei muito em alguns meses e muito pouco em outros. Mesmo assim, foi bom.

Nesse novo ano que nos consome e que nos "mede", espero postar com determinada regularidade e inovar o Lirismo Meramente Duvidoso da melhor forma possível.
Como já se pode observar o Blog ganhou novas feições e novas opções para maior interação com o leitor.

Gostaria de anunciar também que meus textos serão postados regularmente às terças.
Talvez, em breve, teremos nova autora postando no Lirismo e novos tipos de textos também.

Espero que as novidades soem agradáveis e poéticas à todos vocês que assistem à minha poesia e, quem sabe, à poesia de novos escritores(as).

Obrigada por me acompanharem até aqui.
Espero maiores contatos, mais críticas. A interação com o leitor é agradabilíssima.

Abraços poeticamente alegres a todos!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Da voz dos Desgraçados




O sol se põe
Tento erguer os braços,
Grossas correntes me prendem e nunca afrouxam.

O Sol torna a surgir
Os punhos ardendo
Ergo meus olhos de desamparo
Tento gritar? A voz morre na garganta... Mal posso sibilar um pedido de clemência

De alguma forma atroz, vetaram também minhas lágrimas.
Esgotaram minhas forças e morreram meus árduos esforços vãos;

sábado, 9 de janeiro de 2010

Eventualidade Urbana


Recordo-me, clara e até lucidamente, daquele meio-dia e vinte e cinco - Quarta-feira, no Centro – quando sua imagem surgiu, muda e estonteante na calçada da Cidade.

Naquele sorriso de pronto que ofertou, me sorriu em diagonal
Comprimindo os lábios e enrubescendo a macia pele do nariz.

Não esqueço: os ombros à mostra, cabelos leves presos em coque.
A tonalidade do céu pareceu ínfima
Paixões súbitas soaram possíveis
Concretização de sonhos imperfeitos, real.

Num piscar: flores e bilhetes foram enviados
Sorvetes tomados no banco da Praça principal
Beijos roubados ou retribuídos

... E eu continuo ali. Sempre na mesma cena.
Vidrado. Perdido em pensamentos repentinos, daqueles que se têm em meio à multidão apressada que passa.

Lembro-me Dela intacta, esculpida quase.
Não havia a real possibilidade de não recordar
Seu penteado e o sorriso de lado. A franja curta que lhe vinha aos olhos quando um vento astuto batia.

Só posso esperar que me siga e me assombre.
Emolduro na memória a lembrança
De uma linda mulher feita em quadro.