terça-feira, 16 de junho de 2009

Nau


Velejando entre um caminho de pedras,
Acima da neblina,
Ouvimos som de céu caindo.
Ouvimos o som da ventania.
Lá ao longe as luzes da cidade escancarada
Levavam-nos a fitá-la com olhos de miúdo alucinado.
Sua claridade parecia zombar-nos.
Parvos nautas desesperançados, inertes em meio à cerração.
Estancados! Desonrados!
Temendo algum mal ignoto que nos arrastasse além-mundo.
Não era covardia, nem mesmo dogmatismo baldado,
Era a fraqueza do homem que luta contra os temores mais profundos da alma de si.
Ao mirar ao redor: água.
Dentro da nau: choro
Choro de homem ferido de orgulho
Ferido de si.
Ferido, desci a água
De temores, morri.

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