sábado, 20 de junho de 2009

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Chamou-me, pois, dizendo-me:
-Venha a mim formosa dama!
Levantei-me logo que ouvi o chamado.
Correndo tal como fosse fugindo da morte
Atirei-me em sua voz.
Busquei em vão pelos teus braços aos quais não encontrei;
Jurei sentir a presença firme de meu amado.
Meu fantasma aveludado. Assombrava-me pois, todas as noites
Acordando-me noite após outra.
Sempre que me caiam as pálpebras, lá estava ele: o espectro de meu deslumbramento.
Quando envolta em sonolência branda, a imaginar Sombras rondando-me, perguntava á elas em rota de quase súplica:
-Vistes aquele a quem ama a minha alma? Vistes a fumaça que me enevoa?
E com frívolos sorrisos, rasgando-as em face, alegremente me diziam:
- Seu diabo partiu! Partiu até mesmo de teus sonhos!
Maldita voz que me assombra! Pudera eu imaginar-te. Ver-te mesmo que em nevoa!
Estou entregue por inteiro ao teu presságio.
-Oh musas imploro: antes que caia sobre o Sol a sombra, partam-me em duas metades.

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