domingo, 28 de junho de 2009

Votos




Serás meu Zeus e serei eu tua ninfa.
Serás minha alma e serei teu corpo.
Que nele possas morar e em tua boca, more a minha.
Serás meu escudo e em ti me esconderei.
Que eu seja a relva e tu sejas a chuva.
Que na relva tu se deites e que a chuva me envolva.
Que eu seja tua e que tu sejas meu.
Que sejamos um só e onde quer que estejamos,
Que tu sejas o Sol e eu, tua Lua.

domingo, 21 de junho de 2009

Súplica



Peço aos astros
Que tirem de minhas costas
Meu árduo fardo.
Um peso em sobrecarga.
Levo-o junto a mim assim arrastada,
Morta em vida.
O tenho em solidão.
Solidão que vem na madrugada.
Nesses momentos
Mutilada de dor,
Clamo á luz,
Ao fim da madrugada.
E é ao Sol que peço ajuda.
Sua morada.
Peço aos astros
Simbólica compaixão.
Ela vem e me consola.
Certamente quando vem a noite, passa.
Novamente me sinto frustrada.
Volta à desilusão,
Mas quando nasce de fronte á mim, o dia
Posso novamente
Respirar descansada.
Obrigada, ó astros!
Por sua boa morada.

sábado, 20 de junho de 2009

***




Chamou-me, pois, dizendo-me:
-Venha a mim formosa dama!
Levantei-me logo que ouvi o chamado.
Correndo tal como fosse fugindo da morte
Atirei-me em sua voz.
Busquei em vão pelos teus braços aos quais não encontrei;
Jurei sentir a presença firme de meu amado.
Meu fantasma aveludado. Assombrava-me pois, todas as noites
Acordando-me noite após outra.
Sempre que me caiam as pálpebras, lá estava ele: o espectro de meu deslumbramento.
Quando envolta em sonolência branda, a imaginar Sombras rondando-me, perguntava á elas em rota de quase súplica:
-Vistes aquele a quem ama a minha alma? Vistes a fumaça que me enevoa?
E com frívolos sorrisos, rasgando-as em face, alegremente me diziam:
- Seu diabo partiu! Partiu até mesmo de teus sonhos!
Maldita voz que me assombra! Pudera eu imaginar-te. Ver-te mesmo que em nevoa!
Estou entregue por inteiro ao teu presságio.
-Oh musas imploro: antes que caia sobre o Sol a sombra, partam-me em duas metades.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Impressão




Ouvi teu saudar ao prazer
Liames nossos: eu Vênus, tu Dionísio.

Ponho-me a confessar em poesias instintivas...
Não me questiones! Nem tão pouco me investigues...
Momentos.
-Casticismo amoroso?
Momentos.
- Desregramento de sentidos?

Queres mesmo que eu te diga
Meu notar quando te vejo?
Amor de sobra tenho por ti
E de modo mesmo, me unha o desejo
.

Desigual

Tenho pressa, mas não sei para onde a vida me leva.
Dei a volta ao mundo e num segundo:
Vi a miséria dos pobres
Perdidos entre becos fétidos.
Vi os ricos
E seu sangue mesquinho espalhado por todo lado.
Vi felicidade e vi abandono.
Vi esperança e num segundo,
Ela os abandonou.
Tenho tempo, mas não sei aonde vou.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Dependência



Dê-me uma chance a mais
De provar-te o muito que lhe quero bem?
Seja meu?
Posso ser sua.
Se me queres te quero muito mais.
Coloco-me aqui a sua disposição.
Não de corpo todo, mas de alma inteira.
A rendição não provoca em mim comprazo nenhum.
A chance de tê-la, porém alegra por completo meu espírito.
Quem sabe nessa doação eu a tenha.
Nem só de amor vive o homem,
Mas sem ele, de certo não se vive feliz.
Nem só do teu amor viverei,
Mas de certo, sem ele, a vida pássara...
Esfriaram meu espírito e alma
A vida pássara.
E meu corpo padecerá, sem vida,
Da falta que você me faz.

Ilusão



Seu sorriso fez meu mundo desandar
Meus olhos se perderam em você, ao te encontrar.
Todas minhas crenças e expectativas pareciam tolas.
Estar ao seu lado era a única possibilidade de futuro.
Pus naquele sorriso toda minha fé,
Toda minha esperança.
Parecia não existir nada no mundo alem do seu olhar.
Era um sonho surreal, mas que naqueles instantes, parecia adequado, perfeito.
Mas você passou.
Ao piscar os olhos, toda minha idealização e planos
Desmancharam-se e rindo de mim mesma, respirei.
Despertei de um sonho que sonhei acordada.
Era tudo tão irreal, tão absurdo.
Como pude sonhar!
Será que acordei?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Nau


Velejando entre um caminho de pedras,
Acima da neblina,
Ouvimos som de céu caindo.
Ouvimos o som da ventania.
Lá ao longe as luzes da cidade escancarada
Levavam-nos a fitá-la com olhos de miúdo alucinado.
Sua claridade parecia zombar-nos.
Parvos nautas desesperançados, inertes em meio à cerração.
Estancados! Desonrados!
Temendo algum mal ignoto que nos arrastasse além-mundo.
Não era covardia, nem mesmo dogmatismo baldado,
Era a fraqueza do homem que luta contra os temores mais profundos da alma de si.
Ao mirar ao redor: água.
Dentro da nau: choro
Choro de homem ferido de orgulho
Ferido de si.
Ferido, desci a água
De temores, morri.

Desejo



Ansiava por sentir sua boca
Em meus olhos suados.
Que me puxasses por meus cabelos desarrumados.
Que eu beijasse
Seus braços molhados
E que exaltados de amor
Amassemos-nos, apenas, um pouco mais.
Que nossas veleidades se somassem.
Que nossos defeitos fossem, somente, risíveis.
Que a simplicidade do amor nos bastasse,
O que de fato,
Já basta.

...




Como posso te prender a mim se eu não existo mais?
A parte de mim que te agrada se deitou numa noite e no outro dia
Não levantou mais.
Meus olhos agora são fendas
Dentro de mim só habita o nada
Vivo agora de momentos de lucidez
Momentos que finjo, que invento
Momentos que enganam os outros, mas não me enganam
Às vezes penso na morte, às vezes penso que da vida, ela nada se difere
Às vezes quero que me matem e em outros sei...
Já me mataram.
Sou tal a uma sombra que atormenta aos outros
Sou a criatura sem senhor
Sou o monstro que ninguém criou
Criei-me sozinho.
Momentos que finjo momentos que invento
Digo apenas não querer sê-lo mais
Digo apenas não ser
Ao mesmo tempo em que sou sem querer.

Sentimento em lira


Queria um abraço sem perguntas.
Ser entendida sem ter que me explicar.
Perdi o controle de coisas tantas.
Meu descontrole vem, a cada dia, me sufocar.
São tantos os conflitos e tantas as crises,
Que sonhos, amores e amigos...
Não...
Não posso continuar.
A depressão substitui minha alegria
E meu rosto estampa desesperança.

A chuva ouviu meu grito.
O céu já vem me socorrer
E a lágrima que desce em minha face
Dele também vi descer.

Suposta Finalidade


A finalidade desse blog seria a de exteriorizar meus pensamentos, sentimentos e etc. Supostamente. Mas não só essa.

Seria de alguma maneira, dizendo sinceramente, a expressão de minha infinita busca e ânsia em perdurar...Vaidade? Provavelmente.

Perdoo aqueles que me julguem estúpida, arrogante ou narcisa - em parte têm razão.

Falível, humana...

Somente espero, humildemente, que vocês, leitores, donos e espectadores de minha poesia, não que gostem ou admirem, que apenas leiam meus versos um tanto quanto... imprecisos.