domingo, 25 de abril de 2010

Lamúria




Doces foram os sonhos interrompidos.

Duras as lágrimas iniciadas

O peito arfante de saudades

Na boca o gosto amargo da desesperança;



Os olhos já imperfeitos de tão inchados

Os lábios rubros mesmo sem tinta.

O que me fazia dar graças à divina bondade todos os dias

Traz-me um soluço infindável e um aperto nas entranhas.



Oh senhor Deus, o que aqui se faz aqui se paga?


Diga-me oh Senhor Deus: porque se paga o mal que não se fez?


Diga-me oh Senhor Deus: o que fazes com aqueles que desonram sentimentos tão dignos de honra?


Diga-me oh Senhor Deus: porque não arrancas meu peito fora se dele não tiras essa erva daninha que me consome me desprezando.


Diga-me oh Senhor Deus: porque me destes veneno em frasco de amor...



Leva-me oh Deus Pai para teus braços, e em silencio profundo e consolo imenso, me negas as respostas dessas indagações vis.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Anáfora



Pingos d’água açoitam minha janela

Pingos d’água caem me açoitando

Colocando-me em névoas nostálgicas...

Bem se sabe que a chuva não é de ter coração.


Toca mansa uma música em minha janela

Toca mansa e me martiriza

Acentua-se a quimera da lembrança...

Bem se sabe que a música não é de ter dó de ninguém.



A chuva cai lá fora

Reviro-me atrás da janela

E dentro de mim uma janela se transtorna

Tudo lembrando a ela...



Oh vida passada!

Oh saudades que tenho de ti

Oh dor que trago em mim

Oh pena que a vida me destina!



Toca mansa a melodia dos pingos em minha janela

A noite se arrasta entre transtorno e sossego

Chove no céu uma lágrima amarga

E ela desliza melodicamente dentro de mim.

domingo, 11 de abril de 2010

Passos Errantes


O que dizer em defesa
das minhas incertezas e imprecisões
de moça-menina?


Caminho vacilante e frágil
Sigo tentando assimilar essa vida sofrêga e bailarina


Meu descontrole e minhas divagações inseguras
Meus desamores e desencantos no desabrochar do pejo
Um vacilo inócuo me transporta a'um ensejo: nele perco um pedaço
Sopro pela boca um soluço
Imovél fico e dentro da dor.

Como a tola dançarina que torce o tornozelo


paro...


choro
e espelho à platéia meu vicioso desfecho seco.