
Nos encontros,
Olhos e lábios se encontravam.
Se viam, se tocavam, se sentiam.
Por mais que se vissem os olhos, se tocassem os lábios, às vezes só os olhos
e não os lábios.
Os olhos,
Olhos que tocavam o corpo,
Rasgavam a carne, a roupa e de tão sedentos, a boca.
Olhos que se tocavam nos encontros e até mesmo
Sem mãos, sem toques se
Sentiam.
Nos encontros em muito querer dizer, e muita coisa, com a boca e com
os lábios... Não conseguiam.
Logo eram mãos e eram olhos.
Mãos quentes e olhos suados.
Esses sim, falam sempre; entre conselhos, brigas, promessas, alegrias e
juras.
Até mesmo na indiferença falam. Na ironia, arrogância, prepotência e
insegurança.
Mas não. Não nos encontros. Ali apenas falavam de ternura.
Afeto, vergonha... Ciúmes.
De um afeto jovem e afoito.
E ali falavam, tocavam, sentiam...
Mesmo sem boca, sem dedos, sem cores.



