sábado, 21 de novembro de 2009

Sentidos


Nos encontros,

Olhos e lábios se encontravam.

Se viam, se tocavam, se sentiam.
Por mais que se vissem os olhos, se tocassem os lábios, às vezes só os olhos
e não os lábios.

Os olhos,

Olhos que tocavam o corpo,

Rasgavam a carne, a roupa e de tão sedentos, a boca.

Olhos que se tocavam nos encontros e até mesmo
Sem mãos, sem toques se

Sentiam.

Nos encontros em muito querer dizer, e muita coisa, com a boca e com
os lábios... Não conseguiam.

Logo eram mãos e eram olhos.

Mãos quentes e olhos suados.

Esses sim, falam sempre; entre conselhos, brigas, promessas, alegrias e
juras.

Até mesmo na indiferença falam. Na ironia, arrogância, prepotência e
insegurança.

Mas não. Não nos encontros. Ali apenas falavam de ternura.

Afeto, vergonha... Ciúmes.

De um afeto jovem e afoito.

E ali falavam, tocavam, sentiam...

Mesmo sem boca, sem dedos, sem cores.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Devaneio


Talvez em linguagem simples
Ou em sentimentos inseguros.
Neste escrito o contive
Como espelho ou como escudo.

Há tempos que vejo passar,
Através de sombras, por entre esconderijos.
O rosto coberto e o sorriso trêmulo.
A alma, o corpo, o coração
E o vento.

Olho o céu e as estrelas,
A janela, seus olhares.
O universo em tom lilás.
Sonho ou miragem?
Tudo soa tão real e ao mesmo tempo
Tão traiçoeiro.
Sem saber o que esperar,
Experimento o doce mel
E sabor de um devaneio.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Renascer




A cada manha que desperta no horizonte
O Sol, sempre insistente, Renasce.
Mesmo que o tenham amaldiçoado
Ou o tenham aclamado.
E ele é como o amor: vez aquece, vez queima;
O amor que noutra hora queima e aborrece
É também o sol que aquece e faz no rosto a expressão involuntária e muscular
Do gozo.


Brota no céu e ilumina a aurora
Clareia o dia como alimento à relva
Aquece e queima os amantes e os sozinhos
Surge morno e deseja o bom descanso à treva.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Alguma poesia


A melodia breve soa leve ao meu pesar...
Se passaram janeiros desde que, radiante te vi
Me levando entre os dedos como quem leva um cravo branco.

Errante, como os que dançam durante o carnaval que passa, me vejo agora
Como quem desvia os olhos para não se ver lacrimejar e sente lá, a oportunista,
Escorrendo lhe pelo desenho do nariz.

Como e quando cheguei até aqui...?
Não me recordo o exato momento em que fechei os olhos e me pus nesse sono profundo
Nesse torpor sem parar
Agora que abri meus olhos não reconheço esses rostos, o meu e o seu, mascarados de maculas e tristezas...


Deixai-me passar.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Meu Mal


O mal desse meu sorriso
É que some toda vez que não te vejo.


O mal desses meus olhos castanhos
É que mesmo molhados de lágrimas,
Insistem em buscar-te toda vez que me despeço.


O mal desses meus lábios
É que tremem e se negam a dizer-te um adeus
E me traem quando minto dizendo não querer-te mais...