Sua pele ficava entre o rosa e bronze
O cheiro dela era doce ou fresco ou madeira
Seus olhares eram bons, malignos quase sempre
Não era bela imediatamente
Mas seu toque e seu desenho valiam o contemplar
Seus lábios sorriam besteiras e ela
Sabia dizer, com os dentes, o que movia o arrepio
Fazia-se mais santa do que era
Ou mais perigosa do que jamais fôra
(Revezava conforme a recompensa)
E cismava, morria de amor
Morria de rir
Desfilava vestidos e fitas
Desgrenhava seus cachos volumosos
Ensaiava no espelho o vermelho das unhas e o castanho profundo dos olhos.
Unia verdadeiramente o pulcro e o chulo
Acreditava puramente nos encantamentos do amor
E no desespero de seu sexo
Cria e fingia
Gargalhava do dia e quando a noite chegava
Sonhava, triste e nua, na solidão de seu leito
E na irremediável chegada dos anos
Que aos poucos tornariam o opaco em pó.
O sedutor em fúnebre.
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