quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Falso Híbrido

Braços molemente pendendo para fora do leito.
Mão alheia lhe roçava o peito teso
Pernas trôpegas e tremulas movimentando-se em idas e vindas
Entre elas vorazmente, indo e vindo, o falo dele.

Ela, muito exausta, ora perdia os sentidos ora os exacerbava.
Clandestinamente gemia.
Desimpedido, lhe mordia o seio e lhe alvoraçava os cabelos.

Arrepiada dos pelos, sentia a doce perda da inocência
Tristemente punia-se amargurada
Alheio a toda a sensação e a toda culpa, seguia firme.

Entre incontroláveis lágrimas e extremado riso ela amava.
Por puro instinto ele a possuía sem dor e sem fardo.

Com o gozo dum, com a doação doutro, consumado foi aquilo que não fora nem uma coisa, nem outra.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Morena Chá

Sua pele ficava entre o rosa e bronze

O cheiro dela era doce ou fresco ou madeira

Seus olhares eram bons, malignos quase sempre


Não era bela imediatamente

Mas seu toque e seu desenho valiam o contemplar

Seus lábios sorriam besteiras e ela

Sabia dizer, com os dentes, o que movia o arrepio


Fazia-se mais santa do que era

Ou mais perigosa do que jamais fôra

(Revezava conforme a recompensa)


E cismava, morria de amor

Morria de rir

Desfilava vestidos e fitas

Desgrenhava seus cachos volumosos

Ensaiava no espelho o vermelho das unhas e o castanho profundo dos olhos.


Unia verdadeiramente o pulcro e o chulo

Acreditava puramente nos encantamentos do amor

E no desespero de seu sexo


Cria e fingia

Gargalhava do dia e quando a noite chegava

Sonhava, triste e nua, na solidão de seu leito

E na irremediável chegada dos anos

Que aos poucos tornariam o opaco em pó.

O sedutor em fúnebre.