sábado, 26 de junho de 2010

Versejo Fúnebre


Quero nem papel nem caneta,
nego a pena.
Quero chorar e é só isso.
Chorar até sentir a alma seca
até secar a dor e só.
Só enfiar punhal no leito da saudade.
Só esquecer o calor do corpo,
quero a morte lenta da minha própria humanidade.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Para Todo mal: Há cura




Essencialmente crítico, debochado, descontraído ou descompromissado, o senso de humor é um sinal de maturidade psicológica e intelectual de um indivíduo.


Pode parecer confuso julgar como “maduras” algumas modalidades de humor – obviamente piadas que escarneçam as diversidades e liberdades de escolha alheias não estão incluídas – mas, ao contrário dos pressupostos, pode-se dizer que por mais boçal que pareçam, são excelentes colaboradoras para a sanidade mental: sem as piadas obscenas, as risadas em contextos inadequados, o riso incontrolado em meio a situações desesperadoras, nós, seres humanos, sucumbiríamos a infelicidade, a angústia, a hostilidade e a selvageiria do nosso atual caos social.


Rir é uma excelente forma de tornar a realidade mais aceitável; não é necessariamente uma maneira de evadir-se de tudo, mas sim um socorro gratuito que facilita aos homens diminuir o fardo de existir em contextos muitas vezes violentos, sofridos e duros.


Talvez a cura da humanidade esteja bem mais acessível do que todos pensávamos; caso não nos cure, o remédio do riso – se rir é o melhor remédio – pelo menos nós fará, pelo instante que dure, um pouco menos miseráveis.



quarta-feira, 2 de junho de 2010

Confissão de um Amor Tímido

Fecharia os olhos pelo tempo que fosse

Apertaria pálpebra contra cílios

Fortemente

Pra sentir o toque suave do teu corpo envolvendo o meu

Queria poder, em fantasia,

Rever toda a sua maneira

De me encantar...

Todo afeto e caricia

O riso farto e meigo dos seus olhos pregados aos meus

Sentir na boca o gosto gozoso do beijo

A textura ímpar da saliva

E o arrepio ardente que me percorre o corpo todo

Quente...

Achar entre todas as formas descritas

A mais segura de me perder entre todas essas palavras ditas

Que insistentemente abraçam o papel

Pra dizer que eu amaria acordar meus olhos e morar em você.